Se o Dada inovou na forma e valor de arte, o
Surrealismo inovou na linguagem. Com a mesma defesa da destruição do racional,
o surrealismo passou pelo inconsciente humano, que em tempos de Freud e até
hoje representam uma interpretação dos desejos internos de um ser. A vanguarda
chutou e pisou na cara da realidade, mas com uma principal diferença com o
Dada, que foi a raiz de seu nascimento: a criação. O Surrealismo definiu com
todas as suas expressões o escapismo como expressão da repressão de quaisquer
lógicas. Foi através do belo e do bizarro que os artistas firmaram sua
liberdade e completa falta de critério ao escolher temas, que vinham de anseios
da alma.
Remotamente inspirado por Rimbaud, que, quem bem viu no filme Total
Eclipse, maravilhosamente representado por Leonardo DiCaprio, não precisava de
sentido algum para se contradizer ou não. E Rimbaud, se tivesse vivido no
pós-guerra, teria sim resumido o que o surrealismo tenta expressar: automatismo,
irreverência e autenticidade. É levantando essa bandeira que o surrealismo acha
seus meios: delicados ou agressivos, mas nunca brutos. Porque o surrealismo não
se trata apenas de imagens sem nexo amontoadas como no dada, o surrealismo é uma
brisa fina de originalidade, da essência humana sem filtros tais como
instituições.
Platônicos, os quixotes do surrealismo dizem: a realidade está
nos sonhos, a realidade está nos pensamentos. Então as artes se deram de forma
figurativa, sugestiva, grotesca, alegórica. Sem correntes, o surrealismo nasceu
de dentro para fora, nos delírios e angústias de mentes lúcidas ou não; porque
a lucidez é a própria falta de regularidade.
Recomendações de filme:
O Cão Andaluz, por Luis Buñuel (e toda sua filmografia).
Total Eclipse, por Agnieszka Holland.
Little Ashes, por Paul Morrison.
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