quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Então você quer fazer jornalismo?


A primeira coisa que alguém que está querendo cursar jornalismo deveria saber, e o que é quase impossível de se enxergar estando de fora, é que o curso realmente faz parte da comunicação social. Ou seja, ter o gosto e o dom para escrever é necessário, mas não se trata somente disso. A real do jornalismo é que você tem de ter "facilidade para se expressar", em suma. É aquele negócio que a gente aprender nas aulas de redação do colégio: arguentar, pensar, e principalmente saber construir um texto. O que eu tô querendo dizer é: esquece esse papo da galera que diz que jornalismo é um curso fácil, porque não é. Por isso, eu não indicaria para as pessoas que estão meio na dúvida, para alguém que está mais inclinado a fazer outra coisa... vamos dizer que ter a tal da "vocação" é fundamental, mas aí que está, você só descobre sua vocação na prática.

Também esqueça ficar horas a fio estudando livros e mais livros para fazer provas chatas e certinhas. Mas se prepare para ter que passar perrengues como correr atrás de fontes, conciliar tempo para escrever e apurar, cobrir eventos que nunca acabam, entregar tudo no prazo... logo no primeiro ano. Não envolve nada muito teórico, aliás, é o de menos. Sabe aquele papo de que jornalista não precisa de diploma? É besteira, mas é certo no seguinte ponto: a faculdade não é um período de estudo, mas sim uma oficina do que você vai encontrar nas redações de qualquer jornal por aí. E esse laboratório é extremamente necessário pra quem quer seguir na profissão.


Prepare-se para ter a "obrigação" de saber sobre qualquer assunto que estiver rolando na mídia. Você tem que buscar opiniões diariamente, seja onde for mais fácil pra você. TV, internet, jornal impresso. Mas é importantíssimo saber o que está acontecendo, mesmo que não seja do seu total interesse. E estando dentro desse meio, você tem de aprender a decodificar essas informações. Não adianta nada saber das coisas, mas procure ter uma opinião firme sobre elas. Se não, pesquise até formar uma. Claro, leia. Leia tudo que vier pela frente, como os professores dizem, até bula de remédio, e lembre-se de que algum dia, todo esse conhecimento será transformado em informação, de uma forma ou de outra.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Delírio, Platão e o Plano Astral.




Se o Dada inovou na forma e valor de arte, o Surrealismo inovou na linguagem. Com a mesma defesa da destruição do racional, o surrealismo passou pelo inconsciente humano, que em tempos de Freud e até hoje representam uma interpretação dos desejos internos de um ser. A vanguarda chutou e pisou na cara da realidade, mas com uma principal diferença com o Dada, que foi a raiz de seu nascimento: a criação. O Surrealismo definiu com todas as suas expressões o escapismo como expressão da repressão de quaisquer lógicas. Foi através do belo e do bizarro que os artistas firmaram sua liberdade e completa falta de critério ao escolher temas, que vinham de anseios da alma. 

 
Remotamente inspirado por Rimbaud, que, quem bem viu no filme Total Eclipse, maravilhosamente representado por Leonardo DiCaprio, não precisava de sentido algum para se contradizer ou não. E Rimbaud, se tivesse vivido no pós-guerra, teria sim resumido o que o surrealismo tenta expressar: automatismo, irreverência e autenticidade. É levantando essa bandeira que o surrealismo acha seus meios: delicados ou agressivos, mas nunca brutos. Porque o surrealismo não se trata apenas de imagens sem nexo amontoadas como no dada, o surrealismo é uma brisa fina de originalidade, da essência humana sem filtros tais como instituições. 


Platônicos, os quixotes do surrealismo dizem: a realidade está nos sonhos, a realidade está nos pensamentos. Então as artes se deram de forma figurativa, sugestiva, grotesca, alegórica. Sem correntes, o surrealismo nasceu de dentro para fora, nos delírios e angústias de mentes lúcidas ou não; porque a lucidez é a própria falta de regularidade.


Recomendações de filme: 

O Cão Andaluz, por Luis Buñuel (e toda sua filmografia).
Total Eclipse, por Agnieszka Holland.
Little Ashes, por Paul Morrison.

Dada? Nada.



Dada significa nada. Pelo menos foi esse o significado que eu sempre dei a palavra. Acho que o termo se mistificou assim como a origem do personagem Coringa. Cada fonte diz uma coisa, Dadá: o som que os bebês fazem, Dadá: uma palavra escolhida ao abrir uma página aleatória de um dicionário, Dadá: Cavalo de Pau; tanto faz: nenhum dos nomes rotula o movimento. 



Principalmente porque o Dadaísmo não deveria fazer o menor sentido, começando pela falta de definição da palavra “sentido”. O Dada não se dá por construção. O Dada é. A ausência de metafísica que Fernando Pessoa tanto almejava e se contradizia ao discuti-la, o Dada foi o ID das vanguardas: instintivo, irracional, automático e instantâneo. Uma verdadeira cuspida na cara dos valores, sejam elas quais forem, rompimento com quaisquer regra. O manifesto se diz contra manifestos, estabelecendo toda a confusão do homem moderno, que busca basear-se no que não se baseia. Ser do contra somente para ser do contra: abolição de lógica, porque lógica aborrece. Nessa imensa falta do que nexo, os surrealistas foram os sãos de uma geração de loucos, que procuraram seus valores em primórdios sujando suas mãos de sangue, em uniformes civilizados e quepes obscenos. O caos quebrado e desastrado dos dada não se comparava ao caos milímetro dos que eram normais. Nesse caso, ser diferente era realmente ser normal. 


O Dada revolucionou na composição de arte, transformando o que fosse em arte. Sem questionamento, um mictório, como o de Duchamp, era obra prima. Tzara, autor do manifesto que não era manifesto, recomendava aos seus seguidores que fizessem poemas com palavras aleatórias recortadas de um jornal. O Dada chegou a decadência rápido. O Dada era a decadência. Sem sofisticação alguma, ele fracassou quando tomaram-lhe reflexão explícita, ganhando o que nunca quis ter, mas sempre teve: coerência.