terça-feira, 14 de agosto de 2012

Música #1 - Os Funerais do Coelho Branco II (em linha reta)

Kássia me mandou mensagem falando que essa poderia ser a primeira música postada no blog. Eu estava pensando exatamente na mesma coisa, haha.
O motivo da gente gostar tanto dela é pelas últimas duas estrofes, que citam Fernando Pessoa (meu poeta preferido) e o Holden, personagem do livro de cabeçeira da Kas.
A letra é muito boa. Quem conhece meus personagens sabe que ela tem tudo a ver com minhas realizações psicóticas (pra citar Kássia de novo aqui).

Sartre da São João, hálito de bebida barata e meio Vila Rica amassado no bolso.
Devorador de memórias de prostitutas e arruinados, o doce prazer dos últimos trocados.
Hoje escreverei o livro de toda minha vida, e trocarei os manuscritos por beijos e carinhos pagos.
Foi tudo um engano. 
Um enorme engano do acaso. 
E acabei aqui, vencedor mais derrotado, de troféu entre os braços, sem ninguém pra me chamar de herói. 
Velando meus coelhos brancos. 
(...) 
As pessoas não ficam, sempre passam, evitam contato com o homem e seus desencantos.
 E eu assisto tudo, como um filme de quinta categoria, sem saber porque faço ou falo coisas.
 Em um cinema sujo e triste, as mulheres me cospem, o coração desiste e deixo o orgulho para as moscas.
(...)
Um brinde então, a esse odor de quarto úmido, a televisão que não sintoniza. 
Um brinde ao Domingo, ao tédio, a esse colchão imundo, onde casais feios treparam por dias.
Eu sou herói de ninguém e quero um quarto sem espelhos. 
Um corpo sem nome pra abraçar com os joelhos. 
Porque hoje sou o que sou, o leão covarde da boca do lixo na estrada de tijolos mais suja e cheia de bichos. 
Decorei poesias, li Kierkegaard, Nietzsche até o raiar do dia. 
E só conheci mesmo na vida os demônios sujos que não conhecia. 
(...) 
Verdade Fernando, jamais conheci mesmo quem levasse porrada e todos que conheci me chutaram mesmo caído à calçada. 
Holden estou aqui, de esperanças enterradas. 
Atravesso, atravesso a estrada e nunca acontece nada... nada.

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