E pra começar a sentir o gosto do fim de semana, resolvi postar um livro até então famoso por si só, da trilogia Millennium: The Girl With The Dragon Tattoo. Já comentado aqui pela Thais, o remake do filme sueco adaptado do livro. Sem dúvidas, Clóvis Rossi que me perdoe, o melhor livro que envolve a ética e todo o aprendizado jornalístico. (Srs. professores agradeço se revisarem o livro “O que é jornalismo” e por o Mikael pra dar aula para gente). A história original não muda tanto assim para a adaptação americana que foi considerada a melhor, mas como sempre nada comparado.
No início chega a ser meio metódico o jeito que ele trata de explicar e
por o leitor dentro do contexto da economia sueca, e logo depois temos Mikael
Blomkvist, ou o Super-Blomkvist se você estiver a fim de tirar ele do sério.
Mikael é o jornalista ético, passou sua carreira denunciando empresas corruptas
da Suécia, e logo no início da carreira ganhou o apelido carinhoso, nome de um
detetive dos livros suecos. Eis que então que este se vê num problema,
denunciou as empresas Wennerström, e perdeu a causa. Decide então deixar
a revista Millennium, em que é coproprietário, e partir para desvendar o
caso Harriet, ganhar a cabeça do Wennerström, e recuperar o mais
importante sua credibilidade.
Durante o desenrolar da história, a heroína aparece. Lisbeth Salander
passa longe do normal, descrita como uma garota de aparência anoréxica de um
metro e meio de altura, jovem, cheia de piercings e tatuagens - todos símbolos
próprios - que, segundo sua ficha, é incapaz de tomar conta de si sozinha e tem
tendência a ser violenta. A primeira vista, Lisbeth é o verdadeiro demônio
encarnado no corpo de uma garota de vinte e cinco anos, pelo menos para aqueles
que nem ao menos tentaram conhecê-la de verdade, ou melhor, pelo menos para a
maioria que nunca a tratou como um ser humano. Mais humano do que ela impossível
você encontrar nas novas literaturas de hoje. Mikael deve sua vida e carreira a
ela, sem contar que ele é o único que sua presença não a irrita, ele é um homem
bom. Ela gosta dele. Trabalharam juntos no caso Harriet, e se não
fosse ela, talvez Blomkvist não solucionasse o caso, não daria a volta por cima
na cara do Wennerström e... Bem você descobre quando ler.
Mas afinal, ela é mesmo mais esperta que eu e você. O que vale a pena de ler o livro, é que Lis não é nenhuma clichê não,
resolve tudo sozinha, tem uma mente muito mais lógica que qualquer outra, e sua
personalidade exótica atrai até demais o leitor. Qual é o passado de Lisbeth
Salander, porque ela, datada de dons tão magníficos, é considerada tão incapaz
e violenta. Logo você muda de posição no livro, é cativado pela mente dela, é
capaz de apoiá-la em todos os atos, pense nas consequências, sabe que
ela faz bem em estar no anonimato, não querer se envolver com a polícia, não
acredita neles, no sistema, nem nas pessoas. Você se liberta ao ver o
troco que ela dá ao seu novo tutor. Sabe que Salander não deixa nada de graça.
Ela é o jovem do século XXI, vê sua liberdade, deixa de lado as fronteiras na
internet. Se livra do sistema que a prejudica, que a estupra, se vê livre dos
homens que não amam as mulheres.
Uma breve biografia do nosso autor: Stieg Larsson nascido em Skelleftehamn em 15 de agosto de 1954 e
morreu por ataque cardíaco em Estocolmo, 9 de novembro de 2004, um ano antes do
lançamento do primeiro livro e se tornar milionário. Foi um dos mais influentes
jornalistas e ativistas políticos suecos. Trabalhou na destacada agência de
notícias TT. À frente da revista Expo, fundada por ele, denunciou organizações
neofascistas e racistas e por isso recebeu diversas ameaças. É co-autor de
Extremhögern, livro sobre a extrema direita em seu país. Sua semelhança com
Mikael é inconfundível.
Um texto mais que interessante:http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/02/por-que-amamos-tanto-lisbeth-salander.html
Prateleira é postada toda terça-feira, perdoem o atraso.
Achei o texto um tesão, com críticas consistentes e o mais legal: com uma comparação perfeita entre a heroína e o jovem de hoje. Não tinha pensado nisso. Faz muito sentido. Parabéns!
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